Lucia Teixeira tem o nome sujo há 15 anos e, por não ter um emprego formal há três, sente dificuldade de quitar as dívidas contraídas no passado. “Tenho 58 anos e, há uns 15, minha vida de altos e baixos faz com que eu tenha o nome sujo”, afirma.
Mesmo tentando se organizar e trabalhando com bicos, não consegue regularizar a situação do CPF.
“Pago [a dívida] e daqui a pouco meu nome está sujo novamente”. Hoje, ela tenta voltar ao mercado para estabilizar a rotina. “Não consigo priorizar limpar o nome no momento”, conta. Para tentar minimizar a situação, está sem cartão de crédito há 4 anos.
Lucia faz parte dos em outubro. O 62,89 milhões de brasileiros inadimplentes levantamento foi divulgado nesta terça-feira (13) pelo SPC Brasil (Serviço de Proteção ao Crédito) e CNDL (Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas). A quantidade cresceu 4,22% em comparação com o mesmo mês de 2017.
Estas pessoas estão com o nome sujo e com o CPF restrito para tomada de crédito no mercado financeiro.
Para o presidente da CNDL, José Cesar da Costa, a inadimplência continua alta, porque a recuperação econômica segue lenta e não impactou tanto o mercado de trabalho. “A retomada do ambiente econômico acontece de forma gradual e ainda demorará para termos um aumento expressivo do número de empregos e renda, fatores que impactam de forma positiva tanto no pagamento de pendências quanto na propensão ao consumo das famílias”, afirma.
A maior parte dos endividados tem entre 30 e 39 anos, grupo que representa 17,9 milhões de inadimplentes. Em seguida, aparecem os brasileiros com 40 a 49 anos (14,2 milhões) e de 50 a 64 anos (13,1 milhões).
A economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti, afirma que os brasileiros entre 30 e 40 anos costumam ter mais compromissos financeiros do que as outras faixas etárias. “As faixas intermediárias da população, entre 30 e 40 anos, lideram o universo de inadimplentes porque estão em uma etapa da vida com grande concentração de despesas financeiras, já que se encontram em um momento de maturidade da vida. Chama a atenção o alto contingente de idosos com contas em atraso. Com a renda menor e mais despesas com saúde, desajustes são comuns nessa altura da vida e demanda organização”, diz.
Metodologia
O indicador refere-se às informações sobre as capitais e interior do país, das 27 estados. A margem de erro é de 4 pontos percentuais e o nível de confiança é de 95%.
Fonte: R7